Em dezembro ele não estará encabeçando nenhuma chapa para a presidência do clube, apenas apoiando Victor Cunha diante de Vandick Lima - ambos vereadores por Belém. O que ele não nega é que dificilmente vai deixar o futebol de lado após a saída da presidência do Paysandu. Em entrevista exclusiva, Pinheiro admitiu que deve se dar uma quarentena de alguns meses longe do burburinho do esporte profissional, mas que sua volta não será necessariamente à Curuzu, e sim em outro endereço. O objetivo do atual presidente do Paysandu é se candidatar à presidência da Federação Paraense de Futebol, em eleição que deve ocorrer no final do ano que vem.
Em 2013, o que o novo presidente do Paysandu vai encontrar de diferente do que o senhor encontrou quando assumiu?
A primeira diferença é que vai ter eleição. Quando assumi ninguém queria encarar o Paysandu diante do quadro complicado em que se encontrava o clube, endividado, sem perspectiva e sem série. Conquistou a ida para a Série C com aquele gol do Zé Augusto. O próximo presidente encontrará um clube em condições de se administrar, de fazer um planejamento, o que nunca pude fazer. Não se pode fazer planejamento só sobre dívidas, ao passo que o novo presidente vai ter o clube na Série B, com receita certa, com patrocínios que devem ser maiores porque a visibilidade maior, com um saldo a pagar dentro da realidade. Vai ser mil vezes melhor do que encontrei.
Dá para listar os erros e acertos nos anos em que esteve à frente do clube?
Peco pela ação, não pela omissão. Sempre esbarrei na falta de dinheiro, principalmente em momentos decisivos. Eu lamento muito não ter subido em 2008. Ficamos de fora por um gol do Felipe Mamão, na Curuzu, no final o jogo. Deveria ter tirado antes, em Marabá, o Dário Lourenço. Se tivesse trocado de treinador antes talvez o Paysandu subisse naquela época. O que deveria ter feito antes eu fiz esse ano, com a valorização da base, mas quando assumi a categoria de base treinava no campo do São Pedro, no Tenoné, sob péssimas condições, onde não dava para relevar ninguém. Na hora que ela foi organizada os frutos começaram a aparecer. Quem apareceu esse ano é por causa desse trabalho. Desconheço na história do futebol um clube que alcançou seus objetivos com 60% de jogadores locais.
E em 2012, com um campeonato brasileiro mais difícil, onde acertou e onde errou?
É complicado dizer isso. Talvez não trazer o Givanildo e efetivar o Lecheva seria o certo, mas só se pode dizer isso agora. O Givanildo trouxe três jogadores (Júnior Maranhão,Alex Gaibu e Rodrigo Fernandes) muito importantes e se o Lecheva tivesse assumido naquele momento esses jogadores não viriam. Acertamos 80% dos tiros que foram dados, o que é um bom nível de acerto. Futebol não é uma ciência exata.
Quais foram as dificuldades encontradas pela atual gestão quando assumiu? Houve uma herança maldita?
A maior herança são as dívidas, principalmente as trabalhistas. Posso listar algumas que atrapalharam qualquer planejamento, como os R$ 350 mil para o Júlio Santos, R$ 200 mil para o Rodrigo e ainda devemos a ele, R$ 360 mil ao Cametá, com o Alexandre Fávaro, com muitos outros também. Sem falar em Arinélson e Jóbson. No meu mandato paguei uma média R$ 1,5 milhão por ano em dívidas trabalhistas. Nossa dívida está em R$ 7 milhões por causa de Arinélson e Jóbson, que juntas chegam a quase R$ 5 milhões. Ainda tem dívidas na Justiça Comum. Na reta final da Série C do ano retrasado eu sofri um bloqueio por causa de uma dívida reconhecida pelo ex-presidente com o Almir Lemos. Esse ano tem uma dívida com uma factory também reconhecida pelo ex-presidente. Nessa segunda-feira o juiz vai pegar R$ 750 mil bloqueados e vai pagar a factory, o que representa as duas folgas atrasadas com os jogadores. Nosso maior obstáculo aqui são as dívidas. Já evitamos 16 leilões da sede e temos outro chegando. Temos que ter R$ 200 mil para evitar esse leilão e estamos em busca dessa quantia.
A falta de profissionalismo na gestão do futebol é uma das principais críticas dentro do futebol paraense, e o senhor já comentou que a figura de um gerente de futebol remunerado, por exemplo, não cabe no atual momento. Por quê?
O problema é sempre financeiro. Volto a insistir que não existe planejamento sem dinheiro. O Paysandu não podia fazer planejamento algum porque os bloqueios são constantes. Em janeiro o Banpará foi bloqueado, em junho foi a Yamada. Para eu ter um gerente de futebol remunerado na Curuzu eu tenho que ter um orçamento certo, caso contrário não adianta de nada. Alguns segmentos da crônica esportiva não conhecem o futebol de fora daqui. Muitos desses gerentes são mancomunados com empresários e levam os deles também. Não é fácil, mas tem, de fato, que haver um profissionalismo. Mas para isso tem que ter receita fixa.
O senhor deixa a presidência do Paysandu no final do ano. Quanto tempo vai conseguir ficar afastado do clube ou do futebol paraense?
Vai ser uma briga entre o Luiz Omar que quer descansar e o Luiz Omar que sofre com essas coisas. Acho que essa quarentena não vai durar muito tempo. Nunca escondi que se houver possibilidade serei candidato à presidência da FPF ano que vem. Respeito o coronel (Antônio Carlos Nunes de Lima, atual presdiente da FPF) e nunca joguei pedra nele, mas tem que haver mudança. Ele não é culpado desse continuísmo, ele está lá porque não apareceu ninguém. Como terá eleição no final do ano me sinto sim em condições de concorrer.
E como ajudar o futebol paraense?
No Pará alguém é Paysandu ou Remo. Eu penso o seguinte, que a federação tem um papel muito importante para reerguer o futebol paraense. É diferente o relacionamento com um presidente de federação em relação a de um clube. Quando se procura patrocínio para um clube é difícil, mas a federação pode fazer pelos clubes, como faz a goiana, a pernambucana, a potiguar. A federação tem mais facilidade nessas negociações. Copa Vale do Rio Doce, por exemplo, que é uma empresa enorme e já disse que não patrocina um clube isoladamente. Mas patrocina eventos sociais e o futebol é um evento social. Essa é a ajuda que a federação tem que dar aos clubes filiados, com alguns clubes recebendo mais que os outros, o que é normal. É a regra do jogo.
Amazônia Jornal
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