Vinte e dois minutos do segundo tempo. Boca Juniors e Paysandu empatavam em 0 a 0 pelo jogo de ida das oitavas de finais da Copa Libertadores de 2003. Sandro Goiano carrega a bola pelo meio e toca para Iarley na área, pela esquerda. O atacante corta para o meio, tira dois zagueiros da jogada e bate rasteiro no canto direito, sem chances para Abbondanzieri. Pronto! O Papão entrava na história ao ser um dos poucos clubes a vencer o time argentino no Estádio La Bombonera.
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Iarley comemora o gol histórico diante do Boca Juniors (Foto: Daniel Garcia/AFP) |
Após uma campanha irretocável, digna de ser lembrada até hoje: sete jogos, quatro vitórias e dois empates e apenas uma derrota, totalizando 14 pontos na primeira fase, jogando no Grupo 2 ao lado de Cerro Porteño (Paraguai), Sporting Cristal (Peru) e Universidad Católica (Chile), o Paysandu tinha a difícil missão de enfrentar o Boca em La Bombonera, estádio que recebeu o apelido em uma curiosa comparação com uma caixa de bombons. Lá os argentinos eram praticamente imbatíveis.
- Aquele jogo é envolto em lembranças. Primeiro quando saímos de Belém, com o aeroporto lotado pela nossa torcida. O curioso é que chegamos em Buenos Aires dias antes da partida e visitamos o museu do Boca. Tinha uma parte que simulava o som do estádio lotado. Nós, jogadores, precisávamos conhecer um pouco mais da história do clube que iriamos enfrentar. Era uma equipe pequena que se preparava para enfrentar um grande do futebol mundial – lembra o atacante Iarley, o principal protagonista da histórica vitória.
Iarley conta que a pressão era grande e vinha de todos os lados, mas que ela logo passou após o apito inicial do árbitro paraguaio Carlos Amarilla. Jogando dentro de casa, o Boca atacava e parava nas grandes defesas de Ronaldo. O Papão se fechava no campo de defesa e aproveitava as jogadas de contra-ataque. A tática quase deu certo aos 31 minutos, quando Iarley saiu em velocidade pela esquerda e tocou no meio para Lecheva, que demorou a chutar e acabou travado pela zaga Xeneizes.
No segundo tempo, a tradicional catimba argentina fez Vanderson perder a cabeça. O volante deu uma cotovelada em Schelotto e foi expulso. O atacante Robgol ainda discutiu com Rodriguez e ambos também deixaram o campo mais cedo. Com nove jogadores, o que restava ao Paysandu? Aguerrido, o Papão conseguiu o espaço necessário para marcar o gol que, segundo Iarley, é o mais importante da sua carreira, calando mais de 40 mil torcedores.
- Sabia que todo mundo estava de olho naquele jogo. Eu já tinha uma certa idade, um conhecimento do futebol e estava esperando aquela oportunidade. Por onde passava eu conseguia destaque, mas precisava confirmar isso. Entrei em campo consciente, bem preparado fisicamente. Isso foi fundamental para a atuação. Sempre soube lidar com a pressão e transformar isso em motivação. Isso que diferencia os grandes jogadores. O lance aconteceu com calma, no momento certo. É o gol que carrego como mais importante na carreira – lembra.
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Paysandu e Boca fizeram uma partida disputada em La Bombonera (Foto: Daniel Garcia/AFP) |
- Foi uma coincidência. Voltei nesse momento porque só agora recebi esse convite, não por causa dos meus 38 anos. Quero ajudar a reerguer o Paysandu, para que volte aos sucessos de antes, como a participação na Libertadores. Esse carinho da torcida é histórico e natural. Nesses dez anos levei o nome do Paysandu por onde passei, pois minha identificação com o time é grande demais.
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