Estar entre os participantes do torneio que reúne os melhores da América do Sul podia ser o suficiente para uma equipe tão ao Norte. Nunca um time desta região do Brasil havia disputado a Copa Libertadores. Nenhuma outra disputou desde então.
Mas o Paysandu, equipe nortista com nome de cidade uruguaia palco de batalha da Guerra do Paraguai, foi além: venceu o poderoso Boca Juniors na casa do ‘inimigo’, na Argentina, em plena La Bombonera.
O clube de Belém do Pará comemora nesta quarta-feira o aniversário de dez anos daquele jogo, que não foi de título, mas valeu tanto quanto.
“Era um grupo unido, qualificado, experiente. Eram jogadores desconhecidos, mas que passaram por bons clubes. No aspecto de tremer, sentir o jogo, estávamos tranquilos. Só estávamos preocupados com a qualidade do Boca e em segurá-los. Conforme o jogo foi acontecendo, fomos ficando à vontade, gostando da partida. Veio o gol e vimos que era possível: ‘ Vamos fazer história’. O grande mérito foi acreditar. O próprio Dario Pereyra - técnico uruguaio do Paysandu - conhecia os times sul-americanos como ninguém”, disse ao ESPN.com.br Iarley, herói da vitória em Buenos Aires.
Foi de Iarley o gol do 1 a 0 sobre o Boca na partida de ida das oitavas de final da Copa Libertadores. Ao lado do atacante também estavam o volante Sandro Gaúcho, o meia Vélber e o centroavante Robgol.
O resultado pode ter surpreendido muita gente, mas não o time argentino. “Sabíamos que eles se defendiam muito bem, que tinham velocidade com Iarley e Vélber”, declarou à época Carlitos Tevez, protagonista do Boca do técnico Carlos Bianchi e de Abbondanzieri, Ibarra, Schiavi, Burdisso, Clemente Rodríguez, Battaglia, Schelotto...
“O Paysandu talvez jogou como nunca havia jogado e se ganhou, foi merecidamente”, testemunhou Bianchi no documentário ‘La Bombonera É Nossa’, lançado em 2012 pelo clube nortista.
Classificado à segunda fase de forma invicta e com a melhor campanha do seu grupo, o Paysandu esteve a um empate de eliminar um tetracampeão sul-americano e continuar na briga pelo título. Porém, como lembra Iarley, o time brasileiro fracassou na partida de volta, perdeu por 4 a 2 no Estádio Mangueirão lotado e ficou pelo caminho. O Boca seria pentacampeão batendo o Santos de Diego e Robinho na final.
Argentinos se espantam com a festa na volta, em Belém. Veja o vídeo (Jogo completo):
“Mudamos um pouco na volta, entramos com jogadores sem tanta experiência, que não haviam nem jogado no time. Pesou um pouco. Teve falhas individuais, o time todo não fez uma boa partida. Contra um time grande tem que estar em um alto nível sempre.”
“Nós ficamos até um pouco decepcionados porque conseguimos um bom resultado lá, mas por erros nossos acabamos não passando. Eu, particularmente, fiquei muito triste. Meio que apagou aquela conquista. Mas para o clube foi muito importante porque deu um reconhecimento nacional. Para quem é torcedor foi muito importante. Tem que comemorar. Ainda está muito claro na memória”, conta o atacante
Muita coisa mudou desde aquele jogo. Sandro Gaúcho virou ídolo do Grêmio. Vélber foi contratado a peso de ouro pelo São Paulo. Robgol foi jogar no Japão e no Santos. Iarley acabou vestindo a camisa do próprio Boca Juniors.
E o Paysandu afundou.
Em 2013, o Paysandu, hoje presidido pelo ex-atacante Vandick, outro remanescente da campanha da Libertadores e com Iarley de volta ao elenco, estará de volta à Série B do Campeonato Brasileiro depois de seis anos de calvário na terceira divisão.
Nesta quarta-feira, será dia de relembrar a glória passada.
O torcedor de mais recursos pode desembolsar R$ 100 para participar do jantar festivo dos dez anos da vitória, ao lado dos jogadores responsáveis pelo feito, na sede social do clube. Quem não puder pagar relembrará da mesma forma. Como diz Iarley, “ainda está muito claro na memória.”
ESPN
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