Paysandu também vive às voltas com dívidas, mas perder o patrimônio
Dívidas, leilões, bloqueios de renda, venda de patrimônio, audiências na justiça. As palavras-chave podem até remeter ao noticiário jurídico, mas são parte constante do dia-a-dia do futebol paraense. A controvertida venda do estádio do Remo é o retrato de uma situação que se arrasta por anos entres os grandes clubes locais.
O Paysandu também vive às voltas com seus problemas judiciais, mas, diferente do vizinho, tem procurado valorizar seus imóveis e revitalizou a Curuzu antes da Série C, reinaugurou com pompa e circunstância o seu ginásio de esportes e ainda esnobou uma proposta de compra da sede social. Mas afinal, qual o segredo bicolor para conseguir administrar a agremiação sem se desfazer do que tem, quando vive problemas financeiros semelhantes aos do rival?
Em busca dessa resposta, a reportagem do Bola procurou fazer um levantamento dos processos que o Paysandu enfrenta junto ao Tribunal Regional do Trabalho e obteve um levantamento das dívidas trabalhistas do Papão em todas as varas: 6,4 milhões de reais, um pouco menor que a do Remo, orçada em 8,2 milhões de reais.
Assim mesmo, o diretor financeiro bicolor, Isaias Burlamaqui de Moraes, informa com otimismo o esforço do clube em negociar seus débitos. “Em 2007, o Paysandu tinha uma dívida de 37 milhões de reais. Os prédios caíam aos pedaços, aqui na sede social e na Curuzu. Foi quando houve uma reunião, ainda na época do Miguel Pinho (antigo presidente) e se decidiu fazer uma coalizão de aproximadamente cem pessoas quando foi definido que a prioridade era evitar a perda do patrimônio. Foi aí que surgiram as comissões, passamos a negociar as dívidas e evitar os leilões que estavam prontos para tombar o patrimônio do clube”, explica.
O diretor ressalta que as ameaças de leilões ainda existem, contudo, em menor número. Exemplo disso é a reclamação trabalhista de Alexandre Fávaro, que teve que interceder junto ao seu advogado para que a sede social não fosse a leilão, enquanto tenta um acordo.
Um longo caminho a ser percorrido
O esforço dos dirigentes do Paysandu em negociar as dívidas do clube é louvável, porém, os dados conseguidos na Assessoria de Comunicação do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região mostram que ainda há um longo caminho a percorrer. A agremiação possui processos em quase todas as varas trabalhistas, tanto que nenhum juiz se dispôs a conceder entrevista sobre a real situação financeira do azul e branco, sob a alegação de que os processos estão espalhados em várias circunscrições, informou a assessoria.
São 47 reclamações trabalhistas que cobram dos cofres bicolores exatos R$ 6.407.017,09, o que dá uma ideia do quebra-cabeça que é administrar o clube. O presidente alviceleste, Luiz Omar Pinheiro, usou o site oficial do Paysandu para comentar o esforço em negociar os débitos. “Sabemos que estamos, apenas, cumprindo nossa obrigação como atual presidente do clube, mas, no mínimo, demonstra a seriedade e nossa intenção primeira de cumprir sempre os acordos que assinamos. Deixamos claro, ainda, que nosso trabalho no sentido de sanear financeiramente o clube jamais será colocado em segundo plano”.
Diário do Pará
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