Começar de novo

Parece amor intra-uterino, metafísico, traduzido por qualquer adjetivo hiperbólico que a gente encontre.O certo é que minha ligação com esse time, que tem escudo de pé voando, ganhou fronteiras além da imaginação. Em 17 anos como jornalista esportiva, já vivi fases de esconder, escancarar minha paixão em plena capa da “ Troppo”, admitir timidamente e até mesmo negar, sob tortura. Independente de como eu me posiciono, enquanto jornalista esportiva, numa terra onde ser Remo ou Paysandu é questão tão séria quanto tomar açaí com ou sem farinha, esse time listrado sempre esteve por perto de mim, e de alguma forma ligado aos piores e melhores momentos da minha carreira. ( ...)

E agora, o Paysandu Sport Clube, que, em sua melhor fase, virou símbolo do meu melhor sorriso nas televisões pelo Brasil, que me fez ser chamada de “ Syanne do papão” em plena redação da TV Globo, em São Paulo, recomeça mais um Parazão no mesmo dia no qual volto a escrever uma coluna, aqui no site e na mesma semana na qual puxo o fôlego para um possível novo desafio profissional.

Para o time de Sérgio Cosme, o campeonato só começou no segundo tempo, com as entradas de Sandro, Helington e Sidny, o lateral que veio de um tal de Xique Xique, interior da Bahia, para fazer todo mundo que assistiu ao jogo com o Castanhal se perguntar porque Claudio Álax entrou em campo com a camisa 6 titular.

Nos primeiros 45 minutos, Alex Oliveira foi facilmente marcado, o Paysandu sentia a falta de uma referência no ataque, o meio campo se emboletava e faltava a alma de um time que parecia disputar apenas mais um amistoso de preparação ao Parazão. Mas foi só o xerife Sandro pisar no gramado para, consciente ou não, injetar o sangue dos obstinados no time.Virar o jogo se transformava então em lei, principalmente para Sidny, a grata surpresa que foi logo se enxirindo carimbando a trave e tocando o terror à marcação do japiim.

O público decepcionante ( menos de 5 mil torcedores) mostrou que a fiel ainda não digeriu a traumática eliminação no brasileiro. Reconquistar a confiança e motivação da torcida está nos pés, principalmente, de Sandro, Potiguar, Mendes, do emergente Sidny, do ex flanelinha Rafael Oliveira e nas mãos da diretoria que ensaia uma, enfim, profissionalização plena para o clube. O Paysandu investe em um gerente de futebol, aposta no novo gás de um departamento jurídico coeso e engajado, não só nas questões de direito, mas também a tudo o que interessa de fato ao clube e define, nos próximos dias, a sua estratégia de marketing, pontuada por uma assessoria de Imprensa que vai atuar principalmente nas mídias sociais.Quem vai vestir essa camisa? Possivelmente, eu...

Notícias do time pipocam a todo momento no twitter, mas agora vão ganhar o respaldo de informações saídas diretamente do forno da Curuzu, que em pouco tempo poderá voltar a ser o caldeirão.Divulgando melhor o time, gerenciando a força de uma equipe que se deixou vencer pela soberba e investindo no profissionalismo, o Paysandu Sport Club vai em busca do seu 45 título estadual e da sua auto-estima arranhada. E a jornalista que vos escreve não vê a hora de confirmar, na prática, que o Paysandu e ela estão, invariavelmente, com os destinos cruzados. È hora de levantar, sacudir a poeira do salto alto e dar a tal volta por cima, ora, ora, na Curuzu... Maktub!

Syanne Neno