Sobrou para todo mundo

Luiz Omar atira pra todo lado: imprensa e jogadores foram alvo do descontentamento do dirigente

Eram 11 horas em ponto quando o presidente do Paysandu, Luiz Omar Pinheiro, começou a entrevista coletiva que havia convocado no dia anterior. A pontualidade da situação pegou até alguns jornalistas de calça e saia justa. Os atrasados foram chegando aos poucos, o que só fez aumentar a agitação do dirigente, já que ele estava lá para desmentir os boatos de marmelada no jogo contra o Remo, mostrar os prejuízos que o clube teve, explicar por que o amistoso com o Valência (ESP) foi cancelado, enfim, desabafar. Quando perguntado se podia repetir as primeiras declarações para quem não estava na sala, não aguentou: "Eu marquei a coletiva 11 horas e nesse horário eu estava aqui. Ainda me chamam de amador, quem se atrasou é que é amador."

A seu modo, ele refutou qualquer possibilidade de marmelada na semifinal do segundo turno, acusação da torcida. Falou alto, suou, exasperou-se quando falou sobre a cobrança de premiações por parte dos jogadores e, para arrematar, afirmou que os que estavam em campo no sábado passado não tiveram "vergonha na cara" por não terem desclassificado um time que, segundo ele, tem um elenco inferior ao do Papão.

Até uma excursão de 30 dias pelo Oriente Médio o presidente afirmou que estava certa e, por enquanto, desmarcada. Segundo ele, o Paysandu viajaria entre os dias 1º de junho a 1º de julho para a Ásia e faria quatro amistosos.

A perda do returno deixou em xeque o pagamento pela conquista do primeiro, já que o presidente se contradisse ao afirmar que "se não tiver dinheiro não vou pagar" e, em seguida, "Eu vou pagar a premiação porque sou um homem de palavra". Se perder um turno já criou todo esse rebuliço, a pressão em cima dos jogadores para conquistar o campeonato chegou a um nível estratosférico.

Insatisfação

"Como é que posso dormir com esses resultados? Quando ganhamos tem muita gente querendo ajudar, quando perde não tem dinheiro (...) O Paysandu quer ser campeão paraense e subir para a Série B. Ainda acho que o Paysandu vai ganhar o campeonato, mas não como queria, vencendo os dois turnos. O investimento foi para isso e time nós temos. Sou chamado constantemente de incompetente nos jornais. Não quero que falem bem de mim, quero apenas que sejam justos."

Premiações

"Esse é o problema do Paysandu. Aqui na Curuzu só se fala em dinheiro, não se fala em jogar para ganhar. Desde o momento que entro aqui vêm me falar em dinheiro. As obrigações de dentro de campo, ninguém fala (...) Prometi premiação, se tiver dinheiro eu pago, se não, paciência. Eu faço questão de manter o salário em dia. Eu vou pagar a premiação porque sou um homem de palavra. Eu vou pagar esse famigerado prêmio, mas nunca mais vamos falar desse assunto aqui. Essa promessa nem deveria ter sido feita, foi feita quando o Paysandu estava em ascensão. Nós tínhamos time para passar pelo Palmeiras-SP na Copa do Brasil e só de cota pagaria essa premiação."

Marmelada

"Quem levanta uma hipótese dessa é um imbecil. Queria que aparecesse uma pessoa aqui para mostrar um benefício que o Paysandu tiraria dessa marmelada, quando na verdade só houve prejuízo. Guardar segredo entre duas pessoas é difícil, imagine entre 50."

Prejuízos

"Tivemos prejuízo financeiro sem as rendas, tive que cancelar o amistoso contra o Valência, o Paysandu iria passar 30 dias no Oriente Médio e fazer quatro amistosos, vamos ficar 21 dias parados enquanto o adversário da final virá com ritmo. Então, o que uma ‘maracutaia’ beneficiaria o Paysandu? Não sei como surgiu isso, assim como não sei como surgiu a história do carro para Thiago Potiguar. Dentro do campo houve uma reação do elenco, pois muitos falavam ‘ele não joga só’".

Vergonha na cara

"Só falam que o condicionamento físico está ruim quando perde, o que discordo. O Paysandu foi desclassificado sábado por falta de vergonha na cara de quem estava em campo. Faltou consideração com a luta dessa diretoria. Faltou vergonha na cara."

Fonte: Amazônia Jornal