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domingo, 24 de outubro de 2010

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Terçado voador diz estar cansado dos boatos de que vai encerrar a carreira a cada final de temporada

No domingo passado, do lado de fora do gramado, o atacante Zé Augusto e o goleiro Ney, ambos no banco de reservas, revezavam com o técnico Charles Guerreiro nas orientações aos companheiros. Ney tem no currículo a passagem por alguns dos maiores clubes do Brasil, enquanto Zé se formou no Papão e ali é uma referência pelos 14 anos que defende o clube. Com essa identificação, não poderia haver sentimento diferente do que o de vergonha ao ver a desclassificação da Série C do Campeonato Brasileiro e a perda do acesso para a Segunda Divisão. "Eu fiquei com vergonha", disse.

Quase uma semana depois, quando a reportagem ligou a ele para acertar a entrevista que vem a seguir, por convenção e educação perguntou a ele "Zé, tudo bem?", ele prontamente respondeu. "Ainda não, né? Mas vai melhorar." Com o contrato por vencer no final do ano, o Zé da Fiel vive a expectativa de renovar com o Paysandu mais uma vez, o que é dado como certo por muitos. Mesmo assim, revela mágoa com os que insistem, ano após ano, a incluí-lo em listas de dispensas. "Só quero o respeito das pessoas".

A vergonha que disse sentir, mesmo sem ter entrado em campo, é explicada por ele como algo natural. "Somos um grupo. Quando vence e quando se perde é o grupo todo. Nunca é culpa de apenas uma pessoa". A decepção da semana passada provavelmente o fez desistir da ideia de pendurar as chuteiras no final de 2011, como chegou a anunciar em várias ocasiões. Zé garante que fisicamente ainda tem muito a dar para o clube e ainda sonha com grandes conquistas, em especial um retorno para a primeira divisão.

Sobre as supostas reivindicações por mais premiação por parte do elenco, acusação feita pelo próprio presidente Luiz Omar Pinheiro, o atacante garante que não viu nada e nem soube de algo nesse sentido. Para ele, o elenco conseguiu mostrar boas peças e que merecem permanecer para a próxima temporada. O Terçado Voador ainda acredita piamente numa melhora bicolor para o ano que vem e garante, ainda está afiadíssimo para ajudar.


Muita gente deve ter perguntar a mesma coisa desde domingo. Então: o que aconteceu domingo?

Até brinco quando as pessoas perguntam isso porque muita gente já me parou para perguntar o que aconteceu. É difícil falar o que aconteceu. Cada jogador, cada pessoa que estava no campo, cada torcedor viu que nossa equipe não parecia disputar uma decisão. Não conseguia correr e acertar nada, enquanto que o Salgueiro-PE fez tudo que era para o Paysandu ter feito. Como jogador e pessoa que conhece o Paysandu há muito tempo é difícil falar alguma coisa. Eu fiquei muito triste com o que aconteceu. O torcedor sabe que eu poderia ajudar. Não que eu seja melhor que alguém, mas qualquer um sabe que em decisão é preciso muita técnica, mas também muita vontade de vencer. Se tivéssemos entrado ligados as coisas poderiam ser diferentes.


Quem via o jogo, reparava tu e o goleiro Ney, no banco de reservas, tentando ajudar orientando quem estava dentro de campo. Era uma angústia muito grande ver aquele jogo?

Sim, enorme. A gente que fica no banco sempre procura ajudar. Estávamos vendo que as coisas não estavam dando certo e procurava ajudar dando alguma instrução, mas sempre respeitando o Charles e a comissão técnica. Isso faz parte, já que todos querem ajudar. Eu estava muito angustiado porque nesses 14 anos em que estou aqui sempre participei, como titular ou saindo do banco. Infelizmente dessa vez não deu. Muita gente ficou decepcionada, eu principalmente. Domingo eu deixei a Curuzu às 14 horas porque estava muito envergonhado. Não é porque não joguei que não devia me sentir assim. Quando vence e quando se perde é o grupo todo, não um ou outro. Não se pode culpar um ou outro. A gente tem que sempre lembrar que o torcedor é o maior prejudicado. O jogador vai embora e o torcedor fica. O Paysandu é uma instituição grande e esse dia ficará marcado negativamente na história do clube. É difícil esquecer uma derrota como essas, mas o Paysandu não pode parar.


Todo final de temporada é a mesma coisa, com muitos jogadores indo e vindo para a Curuzu. Mas, você acha que tem muita gente do elenco atual que pode ficar para 2011?

O grupo tem qualidade e não é porque perdeu esse jogo que tem que mandar todo mundo embora. O elenco tem jogadores com muita qualidade que até antes desse jogo eram muito falados. Dos anos que estamos na Série C foi o grupo de maior qualidade, em que tivemos o maior favortismo ao acesso. Aconteceu aquilo, infelizmente, e cada um tem consciência do que fez e o que deixou de fazer. Mas não dá para mandar todo mundo embora, assim como tem gente que não chegou a corresponder e todo mundo viu quem foi, nem precisa falar nomes. Quando acontecem essas coisas as mudanças aparecem, mas a diretoria vai tomar suas providências e saber reconhecer que tem muita gente com condições de continuar vestindo a camisa do clube.


Em algum momento sentiste pelo clima que estava no domingo que o Paysandu poderia não conseguir o acesso?

Olha, eu sou uma pessoa muito positiva nas coisas que faço. Em nenhum momento eu senti que perderíamos essa vaga. Eu achava que venceríamos e comigo ajudando, fazendo gols, vendo o torcedor comemorar. Pensando tanto no lado positivo até se esquece de ver as coisas negativas. Confesso que não percebi nada que possa desabonar o elenco. No aquecimento, quando vi a torcida, me arrepiei todo achando que conseguiríamos o acesso. Acho que as coisas têm que ser resolvidas antes de acontecerem, não depois. Falam que o Sandro reclamou do bicho, mas eu não vi isso. Depois dos treinos sempre vou logo embora, então nunca vi nada. O presidente disse que os jogadores só pensavam em dinheiro, é a opinião dele. Meu pensamento era o de subir. Estou com quase 36 anos e ainda quero conquistar muitos objetivos no Paysandu e não penso só em dinheiro. Eu faço meu trabalho e recebo meu salário com dignidade.


Depois de domingo pipocaram esses comentários de que houve um excesso de reivindicações financeiras por parte do elenco. Tu achas que a derrota gera essa quantidade de falação?

Derrotas sempre trazem desgraças, seja qual for a profissão. Se não tiver êxito em sua profissão nunca chegará ao seu objetivo. Quando se vence, todos são bons, quando se perde acontece essas coisas, tem que arrumar coisas para falar. Se aconteceu alguma coisa a punição teria que ser antes, não depois. Acho que tem gente que está sendo injustiçada e outras porque algumas histórias estão vindo à tona. Mas fazer depois é fácil, enquanto o correto é fazer na hora. Em 2001 a gente disputava a vaga para a Série A e, no último jogo, aconteceu um episódio entre nosso preparador de goleiro (Álvaro Nascimento) e o goleiro titular (Júlio César) e o Givanildo (Oliveira) tirou ele no último jogo. Colocou outro (Marcão) e fomos campeões. A punição antes tem mais efeito que depois.


Então, o que deveria ter sido feito antes do jogo do domingo passado?

Não tenho o que falar porque não costumo olhar os bastidores. Com o final dos treinos eu vou embora e não sei o que deveria ter sido feito. Comento pelo que falam, pelos boatos, acho que tinha que ser feito antes. Mas isso não cabe a mim e sim quem coloca em xeque o elenco e faz esses comentários, que supostamente sabem o que aconteceu.


Tu chegaste a comentar que pretendia jogar mais uma tempotada. O ano que vem pode ser teu último como jogador profissional?

Vou fazer 36 anos e fisicamente estou muito bem, treino como os meninos de 18 anos, ainda levanto de manhã com muita vontade de treinar, portanto, não vejo por que parar agora. Mas isso depende de quem comanda o Paysandu. Tenho muito respeito pelo presidente e ele por mim. Acho que vamos nos entender muito bem. Sempre procurei fazer a minha parte e acho que sempre fiz muito bem. Tenho certeza que não fui o causador dessa tragédia e até poderia ter ajudado a evitá-la, mas a partir de agora é bola para frente. Não estou pedindo nada a mais do que mereço nem que sintam pena de mim, só quero ser respeitado como respeito os outros. Sei do que sou capaz ainda e as pessoas ainda acreditam em mim. Por isso vou trabalhar para jogar por pelo menos mais dois anos e sei que ainda posso ser muito útil ao Paysandu.


E a carreira política, continua sendo algo que pretendes seguir

Com certeza. Tenho o carinho das pessoas, tive 15 mil votos numa eleição em que não tive estrutura adequada para a campanha, é porque tem gente que acredita em você. Eu tenho projetos para ajudar crianças e adolescentes com o esporte. Tenho certeza que além de passar um exemplo como profissional do esporte, sei que posso fazer muitas coisas como político. Quero continuar ajudando e daqui a dois anos vou concorrer a vereador e, com o trabalho que vou fazer fora de campo, vou chegar com força. Sinto que as pessoas confiam em mim. Domingo, contra o Salgueiro, as pessoas pediam que eu entrasse e gritavam meu nome. Isso é um voto de confiança.


O terçado continua amolado?

Sempre afiado e trabalhando forte, com a certeza que todos reconhecem meu trabalho. Estou confiante no que faço, na renovação do meu contrato. Peço apenas mais respeito às pessoas que colocam meu nome em listas de dispensas em todo fim de temporada. Queria apenas isso. Eu continuarei trabalhando com honestidade, respeito, dignidade, porque é assim que se vence. Nesses 14 anos mostrei isso e o terçado continua sempre afiado.

Amazônia Jornal

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