O Mercado de Transferências no futebol é um assunto complexo demais para ser tratado em um texto curto. Mas recentes acontecimentos relacionados ao nosso querido Paysandu Sport Club merecem ser observados. Polêmica, a conturbada saída do Moisés, que despertou inclusive a aversão a seu nome por parte da torcida, deu-se em função da falta de zelo quanto aos profissionais locais. O referido atleta merecia uma assistência psicossocial mais adequada, que se estendesse à sua família, para não correr o risco de sair muito cedo e não vingar devido à imaturidade e pressão psicológica por estar em um dos maiores clubes do país. Vide o exemplo do Neymar, que surpreendeu a todos rejeitando proposta milionária do Chelsea-ING. Em contrapartida, méritos ao LOP e ao próprio atleta no caso mais recente do Thiago Potiguar, que, respectivamente, bateu o pé e não aceitou a primeira proposta razoável que apareceu e que incrivelmente por ser de fora parece ter mais consideração com o Paysandu. Estas duas atitudes valorizam clube e atleta.
Quanto a técnicos de futebol, a respeito de mercado, se sabe o quanto o assunto é específico no Brasil. Aqui, infelizmente, técnico vive de resultados e isso influencia inclusive a imagem do treinador perante seus atletas. Na verdade o trabalho de um técnico de futebol deve ser analisado através do desempenho da equipe em intervalos de tempo determinados, considerando-se dados estatísticos, espírito de equipe, humor e motivação dos atletas, entre outros, a fim de se afastar decisões impulsivas devido a pressões internas e/ou externas. No caso do Paysandu, entendo que não é o momento da saída do Sérgio Cosme, pois esse momento já passou. Agora, só após a decisão do Primeiro Turno do Parazão 2011, independentemente de quem for o campeão, deve-se adotar uma postura mais eficiente quanto à manutenção do seu cargo. Não em função das pressões ou relacionamento com seus comandados, mas a partir do desempenho da equipe e da dificuldade de composição de um setor de defesa eficiente. Não há ousadia tática, vemos diariamente uma insistência em uma formação "feijão com arroz" (4-4-2) sem variação quanto à postura do time durante o jogo (defendendo/atacando), o que compromete a evolução de desempenho, proporciona uma maior previsibilidade de jogadas, traz o acaso devido à falta de concentração (não é exigida complexidade no posicionamento/movimentação individual), o que é inadmissível no futebol dos dias de hoje. Sabe-se que o custo de um técnico pode ser muito alto em função das suas características, mas há de se ponderar prioridades, pois um bom técnico pode fazer uma equipe render bem com um número mais enxuto de jogadores, compensando a folha de pagamentos.
Por fim, o Moisés merecia ter sido "carregado no colo" antes de ser sondado externamente e ter recebido um melhor suporte social e financeiro, pois teria mais chances de evoluir caso ficasse aqui. Parabéns à Diretoria Executiva do Clube e ao Thiago Potiguar, ambos são os responsáveis pela permanência do atleta e isso trará sem dúvida maiores benefícios para todos. Agora, há de se convir que um técnico que estivesse em atividade e tivesse uma postura mais moderna de lidar com a equipe, poderia afastar o fantasma das contratações por impulso devido à pressão. Evitaria o Paysandu ter em seu plantel praticamente quatro times completos, o que abre espaço para grupos internos, insatisfações pessoais, inchamento da folha de pagamentos e consequente risco de um passivo trabalhista futuro, entre outros que geram grande preocupação só de se levantar hipóteses.
Ubirajara Lima
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