Acordo no meio da madrugada, pensando que o dia já amanheceu. Que nada, em Manaus, são apenas 2:35 h do dia 24 de fevereiro de 2011. Começo a lembrar na quebra do tabu e resolvo ligar o notebook, organizar as ideias e escrever sobre o tema. Dormi ontem de peito lavado, nem vi o segundo tempo de Fluminense e Nacional (URU) pela Libertadores. Afinal, foram quatro anos convivendo com esse incômodo tabu de não ganhar fora de casa em jogos de campeonatos nacionais. De repente me lembro de 2001, Brasileirão da série “B”, ano em fomos Bi-Campeões, contra o Caxiense, estávamos ganhando de 3 x 0, terminamos perdendo de 4 x 3. Ainda assim fomos Campeões Brasileiros, amenizando em muito a dor por essa virada. Quem não lembra? Lembranças, memórias, a cabeça a mil! Até que ontem, quatro anos após a última vitória nacional fora de casa, o grito que estava entalado em cada um de nós, ecoou nos túneis de mangueiras, nos bairros, em outros estados deste nosso imenso Brasil e até no exterior.
“O TABÚ?! MAS QUE TABU? O TABU JÁ ERA. Uh, uh, uh, Amazonino tomou na rima!” E eu gritei isso sozinho, do quarto de um hotel aqui em Manaus, ouvindo o jogo pela Internet, apenas 270 km do local onde nossos onze, depois dez, atletas se debatiam contra o Penarol de Itacoatiara/AM. Ouvindo tudo com mais ou menos dois a três minutos de atraso (delay) na transmissão que ia para Belém, depois para a Internet e só então para Manaus. Se duvidar, basta ligar um rádio e ouvir paralelamente pela Internet e perceber a diferença. Só para termos uma ideia, um de meus filhos me ligou quando do gol de empate do Papão e no meu notebook, o jogo ainda estava 2 x 1 para o Penarol. Foi assim, sozinho, sem ter alguém para abraçar e festejar, que acompanhei a quebra desse incômodo tabu. Mas, antes assim do que nunca! Valeu, valeu muito. Falei por telefone com o presidente logo em seguida, parabenizei a diretoria e a equipe, pois para nós torcedores, valeu muito. Para os jogadores idem, mais para o Zé Augusto e o Sandro, egressos do passado, para os novos que não conviveram com isso, ficou a euforia atrelada à surpresa.
Méritos da importância desse feito para o time, que ainda precisa melhorar muito para prosseguir bem na competição regional e, em paralelo, na nacional. Haja vista o jogo em si, onde nossa defesa – nela incluído o goleiro – continua falhando, pecando na marcação, posicionamento, entrosamento e outros aspectos fundamentais, para que passe tranquilidade para o resto do time, bem como para nós torcedores.
Vou tentar continuar dormindo, sonhando com o dia 23 de fevereiro, mais uma data histórica para a Nação Bicolor. Que não “morram” nossos irmãos amazonenses que nos proporcionaram essa alegria. Que continuem existindo, par nos dar prazer. Até porque, temos no coração o orgulho danado de sermos paraenses. Enche-nos de orgulho sermos conhecidos nesse Brasil como um povo hospitaleiro, que sabe receber quem de fora vem nos visitar e morar. Não, não vamos mudar. A semana foi rica de notícias sobre o episódio pela declaração infeliz e irresponsável de um velho e estressado político amazonense, que atingiu a honra do pacato e educado povo paraense. Sou maranhense, adotei e fui adotado por este Estado maravilhoso há exatamente 40 anos e nunca fui vítima de qualquer preconceito por isso. Vivenciei essa tensão de perto, pois desci em Manaus na terça, dia 22, vindo de Boa Vista/RR. Ou melhor, como faz parte de minha região de atuação profissional, estou sempre por aqui, onde percebemos sempre esse preconceito com os paraenses. Preconceito que só eles entendem. Que só existe de um lado e é ignorado pelos paraenses.
O importante de tudo isso, é a postura que temos e que vamos continuar tendo. E que, no futebol, como dizem os sábios, a resposta tem que ser dada dentro do campo, das quatro linhas. E com todas as dificuldades do mundo, foi dada ontem, dia 24 de fevereiro de 2011. Data que deve ficar na memória de cada um de nós, pois já está nos anais da história de nosso querido Paysandu Sport Club. Devemos festejar e muito esse momento.
VIVA O PAPÃO DA CURUZÚ, POIS ATÉ O PENAROL VAI VIR AQUI PARA PADECER!
Ubirajara Lima
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