Quinta-feira, 24 de março de 2011. Quase 30 anos de paixão pelo futebol, 17 anos de jornalismo esportivo e a velha Curuzu parecia absolutamente nova para mim.O primeiro copo de cerveja, o primeiro churrasquinho de gato (euforia, fome ou as duas coisas, mas não tinha um nervinho sequer no meu) Tudo parecia absolutamente encantador , afinal era a primeira vez (desde que inventei de ser jornalista esportiva) que voltei a assistir a um jogo do time que me fazia ir ao Mangueirão, só de shortinho, para ver o Chico Spina jogar, dalí, das arquibancadas do vovô da cidade, em uma decisão, como uma...cof, cof, cof...digamos...simpatizante do time. Desde que me afastei da TV, tomava coragem para a saudável loucura dessa experiência antropológica. Uma noite como torcedora.
Como boa escorpiana, com a intensidade saindo pelos poros e passional como uma viúva italiana, era preciso o caos e o frenesi de uma torcida organizada. Não uma torcida qualquer. E a jornalista que já fez inúmeras reportagens sobre a proibição das “ gangues disfarçadas de torcedores” virava então, integrante da Alma Celeste. Uma torcida que nasceu de uma comunidade do Orkut e se diferencia das outras por ser absolutamente pacífica e deliciosamente alucinada pelo Paysandu.
Sempre detestei copiar frase de torcida alheia, mas foi impossível não lembrar da fiel coríntiana e afirmar que eles, sim, são loucos pelo papão! E como se costuma dizer: cada louco com sua mania. Entre cânticos quase ininterruptos, cada um tinha um jeito muito próprio de driblar o nervosismo.Era gente estalando o pescoço, piscando freneticamente, tiques nervosos pra lá e pra cá. Quem já estava ficando louca era eu, sem saber para onde olhar, diante daquela selva epiléptica de humanos.
Fanatismo? Sim. Loucura? Imprescindível! Ao lado desses loucos pelo papão pude absorver a paixão necessária para continuar escrevendo com prazer sobre o desmotivante futebol paraense por um bom tempo. E recomendo a todo jornalista esportivo pragmático: se permita a uma experiência como essa, pelo menos uma vez na vida. E depois, saia do estádio como eu, tendo a certeza que nenhum bom profissional se faz sem um mínimo de loucura pelo futebol. Ainda bem que eu tive meu dia de maluca...
Syanne Neno - www.soupapao.com
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