Vencer ou não vencer o Re x Pa?

Hamlet estará domingo no Mangueirão.Só que, em vez de um punhal na mão, na dúvida existencialista entre o ser ou não ser ético, matando o tio que supunha ter sido o assassino do seu pai, vai empunhar, no máximo, um radinho de pilha. Esse vai ser o brioso torcedor bicolor que vai ter coragem de sair de casa para assistir ao remendo do time de Sergio Cosme. E a questão do ser ou não ser, imortalizada pelo personagem de Skakespeare, vai ser o dilema.Vencendo o clássico contra o favorito arquirival, o tão contestado técnico retoma o balão de oxigênio para continuar comandando o time na UTI. Perdendo, caem, não só a cortina que cobre a dura realidade financeira do clube que impede a dispensa do treinador, como todas as máscaras. Ou alguém duvida que os próprios jogadores já não engolem o comando ( ou a falta dele) ?

A questão é muito mais skakespeareana do que se imagina. Qual o torcedor, em sã consciência, que prefere ver a boca do vizinho ganhar mais 32 dentes de deboche, na segunda-feira pós derrota? E o pior, suportar o rival esbravejar a fatídica expressão do (toc toc toc) " Re x Play" ? Mas, como diria o próprio Skakespeare: " Há mais mistérios entre o céu e a terra, do que supõe nossa vâ filosofia" E não se vence um clássico apenas dentro das tais 4 linhas. Ganhar o Re x Pa mantém Sérgio Cosme com poderes e arrisco além: dá o título paraense ao Remo. Perder seria uma consequência natural de um time desfigurado técnica e psicologicamente. Ninguém quer amargar um revés, muito menos torcer contra, mas que uma derrota vai fazer o torcedor bicolor se sentir meio como o personagem de Skakespeare, isso vai.Afinal, Hamlet foi o maior espetáculo de vingança já encenado.E , cá pra nós, já basta de sofrer com Élton Lira e Cia de teatro da Curuzu. Eis a questão.

Syanne Neno - www.soupapao.com