Pela manhã, o presidente Luiz Omar Pinheiro chamou uma reunião junto com o elenco e a comissão técnica. Édson Gaúcho falou e exigiu do dirigente que o volante Sandro e o zagueiro Vagner, acusados por ele de serem os mentores do "motim", fossem dispensados. Vendo que o pedido não encontrou ressonância em Pinheiro, Gaúcho deixou a reunião para que os jogadores ficassem mais à vontade. Não se sabe o que conversaram, apenas seu desfecho.
"Quem joga não sou eu ou o técnico, são os jogadores. Tenho que ficar do lado de quem pode ganhar os jogos, que são os jogadores. Técnico não ganha jogo", disse Pinheiro, que defendeu o elenco. "Não recebi pedido de nenhum jogador para tirar o Gaúcho. Agora, era notório que havia um desgaste enorme. Aqueles dez fatídicos minutos de atraso do Sandro, numa semana decisiva, poderia ter sido contornado. Os jogadores são corporativistas e criou-se um clima que ficou insuportável. No futebol é assim, a primeira cabeça que rola é a do técnico", completou o dirigente, referindo-se ao episódio que teria sido a gota d’água do desgaste entre técnico e jogador.
Na terça-feira Sandro teria se atrasado para o treino e teria reagido à ríspida reprimenda de Gaúcho. A partir daquele dia o experiente meio-campista não figurou nem no time de baixo nos coletivos.
Na Curuzu e na TV Liberal, em entrevista para o Globo Esporte, o técnico deu suas versões para a saída, acusou jogadores de falta de profissionalismo, mesmo mal que assola o Paysandu, e foi duro em algumas críticas.
Saída
"O presidente aceitou a minha saída. Deixei na mão dele e dos jogadores. Se os atletas acham que é melhor o Édson sair, então deixa eles à vontade, é vida que segue e o Paysandu não vai parar por causa do Édson Gaúcho. Eu não compactuo com imposição de atleta, minha maneira de trabalhar não é assim, eu sou profissional e é dessa maneira que eu trabalho. Eu tive uma conversa com os jogadores e alguns se manifestaram. Então, eu preferi me retirar da reunião para deixá-los bem à vontade. Eu tenho certeza que as minhas farmácias (Gaúcho tem uma rede de farmácias em Santa Catarina) precisam mais de mim do que o Paysandu, assim, dessa maneira. Eu não vim para atrapalhar ninguém."
Jogadores que o atrapalharam
"Sandro, Vagner e o próprio Alexandre Carioca, que foi uma surpresa. Você começa a conhecer as pessoas e ver como são as coisas. Agora que eu vou sair, com certeza o Paysandu vai subir. Quando as pessoas querem mandar em você, comandar o teu trabalho, aí as coisas ficam diferentes. Aqui nós tínhamos uma maneira de trabalhar que era com profissionalismo, horário definido para treino e jogo. E tem gente que não gosta disso, que prefere trabalhar da sua maneira. E assim eu não vou trabalhar."
Fritura?
"(Os jogadores) Não me fritaram, não. Tem um pessoal que se acha cobra criada, mas é um bando de minhocas. Um pessoal que não vai chegar a lugar algum. Infelizmente jogadores ainda derrubam técnicos, sim. Mau caráter é o que não falta no futebol, ainda mais quando não seguram o rojão. O chato é que quem eu mais dei moral foi o Sandro, que ninguém queria e eu dei chance, dei a condição de capitão mais uma vez. Isso doeu."
Críticas
"Quem é o Vagner para exigir ser titular? Se fosse craque não estaria no Paysandu. Se eu fosse técnico de seleção não estaria aqui. Tentei organizar, mas não deu. Agora vou embora e os jogadores vão se unir e atropelar todo mundo. Infelizmente tem gente que se acha mais importante que o clube."
Falta de profissionalismo
"O Paysandu não é profissional e tentei implantar isso, mas muitas pessoas não querem isso. Algumas pessoas lá de dentro. Eu não fico refém de jogador algum. Eu erro muito, erro mais do que eles, mas jamais eu vou errar para prejudicar algum atleta. Não admito que ninguém atrapalhe o meu trabalho, como estava acontecendo. Eu não vou culpar ninguém, não tenho esse costume. Trabalhar amarrado para me dizerem o que devo ou não fazer, eu não aceito. O Paysandu é mais importante do que tudo, que jogador, que Édson, que atleta. E atleta é uma coisa e jogador de futebol é outra. Vejo com tristeza que o Paysandu não sabe o qual é o rumo certo."
Time entregou o jogo?
"De maneira nenhuma. Se dissesse isso eu estaria sendo leviano e covarde, tiraria a minha responsabilidade e jogando somente sobre os atletas. A equipe não jogou bem o primeiro tempo, mas ninguém fez corpo mole. O time voltou para ganhar o jogo no segundo tempo e teve todas as condições. Agora, nós não fomos competentes nas finalizações. E o primeiro incompetente fui eu, que sou o comandante."
Importância do treinador
"Técnico não ganha jogo, mesmo. Então é melhor nem contratar técnico. Era assim quando cheguei, com os jogadores no comando, fingindo que treinavam. Eu não sou mais técnico do Paysandu, eles (jogadores) que resolvam. Com certeza agora não tem mais cesta básica para os funcionários e nem problema, agora é só alegria. Édson Gaúcho saiu e agora tudo está tranquilo, volta a ser tudo como era antes. Quero apenas dar parabéns a quem foi atleta e se dedicou e aos funcionários da Curuzu."
Amazônia Jornal
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