Contra Independente e Cametá, nos confrontos decisivos do primeiro turno, o centroavante Mendes passou de figura que ainda gerava certa desconfiança entre a torcida a um dos ídolos da Fiel. Passou a ser o artilheiro das decisões. Diante do Mapará, nos dois jogos, ele deixou sua marca três vezes, dois deles golaços. Não só ele está em paz: o time e a comissão técnica também - todos alvos de reclamações, pressões e até ameaças por parte de membros de uma torcida organizada.
Com oito gols, ainda está longe da disputa da artilharia do Parazão. O companheiro de time Rafael Oliveira tem o dobro. No entanto, ele só virou titular na terceira rodada e tem uma boa média de dez gols em 11 jogos, entre a competição estadual e a Copa do Brasil. Já experiente, com 34 anos, garante que se for preciso vai ajudar como pode Rafael a manter-se na ponta entre os goleadores.
Na quarta-feira, o Papão vai enfrentar o Bahia-BA, seu clube ano passado, pela Copa do Brasil. É o começo de um novo desafio. Segundo ele, só mantendo a mesma pegada dos últimos jogos do Parazão, o qual ressalta, ainda não está decidido, o time conseguirá ir longe. Na sexta-feira, ele deu a entrevista abaixo, no qual comentou sobre a mudança de postura do time, as influências na carreira e como o grupo lidou com a pressão do começo do campeonato.
Na reta final do turno, o time mudou a forma de jogar, você ficou mais presente na área. O que motivou essa mudança?
Essa mudança foi mais de postura do time do que minha ou do Rafael. Antes, ele ficava mais postado na frente e eu saía mais da área, agora acontece o inverso. Tem também o lado da experiência, que faz diferença nesses momentos. Na verdade, foi algo do treinador. A gente continua com o mesmo comportamento de antes, com as mesas ambições. Foi o Sérgio quem me orientou a jogar mais perto do gol de umas rodadas para cá.
É dessa forma que gostas de jogar?
Gosto de jogar de uma forma que possa ajudar o time a fazer gols, independente de serem meus ou não. Sempre estive tranquilo quanto à forma como vinha atuando e me posicionando em campo. Se tiver que passar a bola para um jogador melhor colocado que eu vou passar. No que depender de mim continuo com o objetivo de ajudar o Rafael a ser o artilheiro do campeonato.
Qual a importância do técnico Sérgio Cosme nesse crescimento de rendimento do Paysandu na reta final do turno?
O Sérgio é um grande profissional, um grande caráter. Ele dá muita abertura para os jogadores se expressarem. A forma como ele aguentou as críticas injustas me surpreenderam. Eu já muito técnico ir embora por bem menos. É um cara que se preocupa com o lado profissional e o pessoal dos jogadores. Com certeza, ele soube cativar a todos nós.
Quais foram os treinadores mais importantes na tua carreira?
Tive vários treinadores que me ajudaram bastante durante minha carreira. O Muricy [Ramalho] foi quem me colocou para jogar como atacante em 2002, no Figueirense-SC. Antes disso eu era meia. Em 2008, no Juventude-RS, em um dos melhores momentos em minha carreira, trabalhei com o Édson Gaúcho e ele me ajudou demais com orientações. Foi uma pessoa que me ajudou muito e é importante até hoje. É um cara que me acompanha até hoje. Agradeço demais a esses dois treinadores. Aqui em Belém, um norte que tenho é o Vandick, que não é técnico, mas que sempre me apoiou bastante e me passa tranquilidade.
Por sinal, os gols na semifinal e final do primeiro turno suscitaram comparações entre vocês dois, não?
Verdade. Nesses dois últimos jogos, me compararam demais com o Vandick por causa dos gols na decisão. Se tiver a felicidade que ele teve aqui, pelo menos 50% disso, já me darei por satisfeito. Tenho os pés no chão e sei que ainda preciso fazer muita coisa para almejar algo assim. Faltam-me conquistas ainda com a camisa do Paysandu.
Mesmo com as críticas por parte da imprensa, você nunca perdeu a linha. Qual a relação disso com o fato do seu pai, Silvio Mendes, ser um dos profissionais mais respeitados da imprensa nordestina?
É lógico que a educação vem do berço. Sempre me mantive tranquilo diante das críticas. Soube mostrar que quem me criticou de forma maldosa estava errado. Meu pai é meu ídolo dentro e fora de campo. Eu o tenho como exemplo porque começou vendendo laranja no estádio da Fonte Nova e hoje é um dos maiores locutores do Norte e do Nordeste, com vários prêmios e oito Copas do Mundo no currículo. Ele buscou e conseguiu chegar onde está com honestidade.
Teu perfil no Twitter, @Mendes_09, tem 2.521 seguidores e muitos deles torcedores do Paysandu. Essa receptividade foi grande a ponto de gerar até alguns comentários maldosos, não?
Me surpreendi com essa receptividade, sim. Mandam-me muitas mensagens e respondo sempre. A receptividade foi muito grande e por isso até dizem que sou viciado em Twitter, me chamaram de "atacante twitteiro" de forma pejorativa, o que é uma bobagem. As pessoas me seguem e tenho que dar uma satisfação e para mim isso é um prazer.
Há duas semanas, você fez doações de cestas básicas a funcionários da Curuzu e pouca gente soube disso. O que te motivou a fazer isso?
Sempre faço isso em todos em todos os clubes por onde passo. Gosto de fazer isso com quem precisa. O pessoal da Curuzu faz de tudo para nos ajudar, com limpeza, boa comida e tudo o que precisamos. Não quero nada em troca, Deus já me deu saúde e muito mais do que preciso. Nem gosto de divulgar isso e a imprensa que soube, mas se servir de estímulo é bom. Se tocar alguém a ponto de querer ajudar também para mim está ótimo.
Amazônia Jornal
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