O enredo não tem nada de original. Thiago Potiguar poderia ser mais um daqueles cinderelos do sertão, que calçam a chuteira de cristal do futebol e mudam de vida. O ex vendedor de picolé nas areias de Natal suava o dia inteiro para ganhar menos de 600 reais. Com a camisa do Paysandu, trocou a transpiração pela inspiração de um meia armador quase brilhante e virou estrela solitária. Essa é a grande diferença do batido conto de fadas. Thiago Potiguar deixa Belém como o único ponto de desequilíbrio, não só do Paysandu, mas do futebol paraense. Sem ele, vai ser difícil para os bicolores estufarem o peito, horas antes de um Re x Pa. Vai ser difícil encarar a previsível mediocridade da defesa, sem mais saber que, à qualquer momento, ele pode aprontar das suas lá na frente. E vai ser difícil, principalmente, não ter pesadelos vendo o título paraense cair, de bandeja, no colo do rival.
Desde a chegada de Thiago Potiguar, ele nunca foi comum. Em uma entrevista para mim, teve a coragem de assumir , com impressionante humildade, que não deu certo em testes no ABC, de Natal, também por não ter dinheiro para o transporte. Atitude impensável para a maioria dos jogadores de fora, mesmo que desconhecidos. Como um Narciso às avessas, o iminente “ Messi paraense” nunca pecou pela soberba, diante da torcida e Imprensa aos seus pés. Muito pelo contrário. Quase vira vítima da Síndrome do Pânico ao descobrir que a vida ia muito além das areias do Rio Grande Do Norte. Quando recebeu os 4 mil reais do seu primeiro salário no Paysandu, o ex picolezeiro recebia, definitivamente, o passaporte para um mundo tão novo, quanto assustador. Thiago evitava falar sobre o a síndrome nas entrevistas e seguiu driblando o problema com a mesma habilidade mostrada em campo.
Agora, com a cabeça e o corpo 100% , ele nem precisou, como naquelas histórias que escutávamos quando crianças, cavar buracos para chegar do outro lado do mundo. Assim como Robgol, em 2004, Thiago Potiguar deixa o Paysandu quando o time mais precisa dele, para jogar na Ásia. O talento do cinderelo do sertão pode fazer com que o sucesso no Oriente venha tão rápido quanto um golpe nissei. Ou, quem sabe, como Robgol, ele possa voltar daqui a um ano, a tempo de correr atrás do seu segundo título paraense e o tetracampeonato bicolor. Até lá, é torcer para que mais esse conto de fadas do futebol siga diferente e que o Paysandu, sem o gato borralheiro do sertão, não vire abóbora.
Syanne Neno
5 comentários:
ADOREI!! FANTÁSTICO SYANNE, COMO SEMPRE BELOS TEXTOS!
SO TENHO QUE DESEJA BOA SORTE PARA O THIAGUINHO.. E QUE SERÁ SEMPRE BEM VINDO AO NOSSO PAPÃO DA CURUZU!
LOGO LOGO ELE ESTÁ DE VOLTA!!
SUCESSO GAROTO!!
Amei!!! seus comentários!! é uma pena!! menos mau!!! lembra do "outrozinho!!"mana" rsrsrsr que se fez de arrogante e foi embora para o Santos!!! e ai já apareceu no cenário nacional?? égua se tivesse a paciência de Jó estaria como idolo de uma não apaixonada!! nada como um dia atrás do outro!!
Um dos melhores jogadores que vi passar no Paysandu!! Que pena que o Papão não subiu ano passado, pois ele estaria mais valorizado!!
Não acredito!! fica potiguar!!!
Vamos sentir saudades!
Sucesso!!
a despedida de um jogador tão bom merecia um texto melhor.
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