Até as 10 horas da manhã de ontem o meia Juliano vinha passando por momentos difíceis. Em Belém há mais de duas semanas, ele foi o único dos reforços contratados para a Série C do Campeonato Brasileiro que não havia assinado contrato - ainda não o fez, somente quando o presidente Luiz Omar Pinheiro retornar de viagem - e o motivo era dos mais assustadores: um suposto problema no coração. Os dois primeiros exames realizados pelo clube apresentaram uma arritmia estranha a um atleta profissional. Somente após a divulgação do laudo do terceiro exame, analisado pelo cardiologista Humberto Pinheiro, é que o jogador pôde respirar aliviado com a liberação para trabalhar normalmente. "Foi uma das melhores notícias da minha vida", comemorou o meio-campista.
O médico José Silvério explicou a situação e confirmou que o jogador está apto a praticar normalmente esportes de alto rendimento. "Foi diagnosticado que a arritmia cardíaca dele era benigna, compatível com o tipo de atividade profissional dele. Por isso ele foi liberado", disse. "Do ponto de vista cardiológico, que era a última pendência que existia, não há nenhum impedimento", confirmou Silvério, em declaração dada ao Globo Esporte, da TV Liberal.
Com um sorriso que não tinha há tempos, o jogador nem se importou em retomar os árduos trabalhos físicos à tarde. O importante era estar reintegrado ao elenco. De acordo com o fisisiologista José Carlos Amaral, ainda é cedo para saber quando ele estará pronto para entrar em campo. Ele informou que mesmo com o começo da competição batendo à porta, todas as etapas de preparação terão que ser respeitadas.
"Fizemos toda a avaliação nele. Há um déficit quanto ao condicionamento físico. Temos que acelerar esse processo, mas sem queimar etapas. Hoje é complicado estipular em quantos dias ele estará apto a jogar, temos que trabalhar que isso aconteça o mais rápido possível", confirmou Amaral.
Entre os companheiros, o dia foi de alegria. O zagueiro Márcio Santos, um dos mais chegados a Juliano, salientou que para eles esses dias também foram de apreensão. "Foi difícil para ele e para a gente também. Eu convivo com o Juliano há tempos e estava sempre ao lado dele. Felizmente deu tudo certo e agora ele vai poder trabalhar normalmente e poder nos ajudar muito."
"Foi uma das melhores notícias de toda a minha vida"
Quando recebeu o resultado do exame que o liberava para jogar, Juliano foi com a papelada debaixo do braço para a Curuzu para entregá-la diretamente ao técnico Roberto Fernandes. Não houve esse encontro na ocasião, mas nada que tirasse sua alegria. À tarde, depois de tudo esclarecido, começou a preparação física visando à Terceirona. O meia não estará na estreia, na segunda-feira que vem, mas mostrou otimismo em estar já com o elenco trabalhando com bola quando eles retornarem de viagem. "Espero que na volta de Araguaína (TO) eu já possa estar treinando com todos eles", disse.
Os próximos dias serão assim, de muito treino físico e quase nenhum com bola. Juliano sabe e não reclama. Até estar bem fisicamente ele não toca em bola. Nada que abale seu astral nesse momento. Dentro do elenco bicolor, dificilmente há hoje alguém mais feliz. Agora, o que quer é esquecer o susto e entrar em campo.
O que tu sentiste quando recebeste a notícia de que estás liberado para exercer tua profissão?
Foi uma das melhores notícias da minha vida. Quando o médico disse que não tinha nada e que poderia continuar com minha carreira, nem sabia como reagir, apenas agradecia a todos e a Deus. A partir dessa notícia uma nova vida começou, uma nova fase de minha vida.
Pode-se dizer, então, que hoje foi um dos melhores dias de trabalho que já tiveste?
Não só hoje como todos os dias que virão serão assim, com muita alegria de trabalhar. Quando eu vesti o uniforme de trabalho foi uma alegria imensa. Meus companheiros comemoraram também e isso mostra o carinho e a amizade dentro do grupo. Felizmente essa notícia foi de alívio para mim e toda minha família.
E como foram os dias entre o primeiro exame e o de hoje (ontem)?
Difíceis. É uma situação que espero que ninguém passe. Não dormia só de pensar nisso. O pessoal foi a Barcarena e eu fiquei só, sem ter com quem conversar. Eu tinha que manter a calma ao conversar com minha esposa e meus filhos. Não foi fácil. Foram dias bem difíceis.
O grupo se mostrou muito feliz com a notícia. É um bom sinal de união que existe entre vocês?
Com certeza. Os companheiros sempre me deram força, assim como a diretoria. Isso, com certeza, faz muita diferença. É um grupo que está se entrosando rápido, nos dias que fiquei sem treinar eles sempre me perguntavam como eu estava, me davam força. Todos aqui na Curuzu foram muito atenciosos. Esse grupo que o Paysandu formou é muito competitivo, com jogadores de qualidade. Com trabalho forte podemos ir longe e, no meu caso, tenho que compensar esse atraso para buscar meu espaço.
Tua parte física não está tão bem. Em quanto tempo achas que vais poder jogar?
Isso não sei. Perdi toda a pré-temporada e isso faz falta, mas vou procurar compensar isso com o pouco tempo que tenho, quero ficar em forma para estar junto com o grupo o quanto antes. Espero que na volta de Araguaína (TO) eu já possa estar treinando com todos eles.
Amazônia Jornal
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