A base do Paysandu conseguiu um merecido reconhecimento em 2012. Com vários jogadores compondo a espinha dorsal do time que se classificou para a Série B do Brasileirão, boa parte do crédito pela conquista foi dada à geração que tem nomes como Thiago Costa, Pablo, Neto, Djalma e o já ídolo Yago Pikachu. Mas os louros da vitória também foram divididos com os profissionais Carlos Alberto Mancha, Nad, Careca, Paulinho e demais treinadores que compõem a coordenação das categorias de base do Papão, que vendem em média um jogador por ano, fazem artilheiros do Parazão e agora reivindicam a atenção do clube para a construção de um Centro de Treinamento.
No início de 2012 o Paysandu vivia mais uma das comuns crises financeiras que os clubes paraenses convivem. Esta, porém, talvez tenha sido a melhor delas. Segundo Nad, coordenador técnico da base bicolor, que iniciou o ano como treinador do time profissional, na época da montagem do time que disputaria o Campeonato Paraense, o clube não tinha dinheiro nem para mandar passagens para buscar os jogadores que gostaria de contratar. A saída, então, foi apelar para as categorias de base.
Este é apenas o primeiro dos exemplos que comprovam a rentabilidade do investimento na formação de atletas. O time que estreou no Parazão perdeu para o Cametá, mas o desempenho do jovem Paysandu que entrou em campo naquela tarde de sábado, na Curuzu, foi elogiado pela imprensa e pela torcida, que comprou a briga dos pratas-da-casa. Ao longo da temporada, a presença de jogadores oriundos das categorias de base no time titular foi constante, e ficou cristalizada na imagem de Yago Pikachu, jovem lateral que teve atuação fundamental na luta pelo acesso.
O sucesso instantâneo comprova uma realidade que os clubes paraenses - por mentalidade retrógrada das gestões ou por ligações nebulosas com empresários - pareciam se recusar a ver: a aposta na base representa o futuro do futebol nos clubes, além de ser a saída para alcançar o equilíbrio nas contas. "Aqui ainda existe a mentalidade de que o que gera renda é a arrecadação no estádio. No Sul e Sudeste do País isso mudou, eles já viram que o que mantém o clube é a venda de jogador. O São Paulo vendeu um zagueiro e construiu o CT de Cotia. Aqui se apegam em um Re-Pa, que rende R$ 600 mil. Com os descontos cada clube pega R$ 150 mil. Nem que tivessem três Re-Pa' por mês essa conta fecharia", diz Carlos Alberto Mancha, coordenador das categorias de base do Paysandu. "E não só o Paysandu como o Remo e a Tuna deveriam abrir os olhos para isso", acrescenta.
Amazônia Jornal
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