Em entrevista à tevê, Charles reitera desejo de sair. Luiz Omar, por sua vez, desmente interesse em substituí-lo.
O dia seguinte ao bicampeonato bicolor foi de chegadas e incertezas. Numa segunda-feira em que o centroavante Marcelo Ramos, principal contratação para a Série C, finalmente chegou (ver matéria na página 27), Charles Guerreiro voltou a deixar em dúvida sua permanência como técnico do Paysandu.
À exceção de uma entrevista concedida de manhã ao telejornal "Bom Dia Pará", da TV Liberal, Guerreiro passou o resto do dia incomunicável. Não falou com mais ninguém da imprensa. No programa, ele reafirmou tudo o que dissera no domingo à noite, confirmando sua intenção de deixar o clube. Mas, para a diretoria do Paysandu, não há nenhuma confirmação oficial e Guerreiro continua como técnico.
"O Charles é o técnico do Paysandu. Como é que ele pode sair se nem conversamos? Em momento algum, a diretoria conversou sobre substituição. Isso foi ‘plantado’ de forma infeliz em alguns setores da imprensa. Se o nosso planejamento para a Série C está sendo feito em parceria com ele, como pensaríamos em outro treinador?", afirmou o presidente Luiz Omar Pinheiro.
Na entrevista da manhã, Guerreiro teve uma atitude paradoxal quando o assunto era deixar o clube bicolor. Ele não afirmou que a decisão de procurar outro clube para treinar era irrevogável e deixou passar que pode mudar de ideia.
"Ainda vou conversar com o presidente, mas meu pensamento é esse: deixar o clube", disse Guerreiro. "Vou manter o que falei após o título, em relação a deixar o cargo à disposição. Só eu, minha família e Deus sabemos o que foi o desgaste nesses últimos dias, a divisão que tem dentro do grupo, gente torcendo contra o presidente. Talvez por ser ano de eleição. Fiquei magoado com coisas que aconteceram quando era coordenador... meu nome foi excluído até da folha de pagamento, e com outras coisas que não vêm ao caso."
Entre as "outras coisas" que chatearam o treinador está a sombra de Givanildo Oliveira, profissional que comandou o Papão nas maiores conquistas de sua história. Desde que o técnico pernambucano deixou o Sport Recife-PE, ele passou a ser o sonho de consumo de muitos dos que não engolem a presença de Guerreiro no banco bicolor.
Mesmo com todo o gosto amargo do "fogo amigo" na Curuzu, o treinador fez questão de deixar claro que sua saída ainda não está 100% concretizada. "Acho que dá para acertar as arestas. No entanto, tenho um projeto de seguir minha carreira no Rio de Janeiro ou São Paulo. A mágoa existe, mas não é nada que não possa ser superada. Eu fico triste porque tenho história no clube. Comecei na escolinha do Paysandu e cheguei até a Seleção Brasileira. Tenho amor pelo Paysandu e pelo futebol paraense, que é o que pode fazer com que fique."
Chances de permanência do técnico são de 99%, afirma Louro
O que Charles Guerreiro fez questão de ressaltar na entrevista à TV Liberal é que, ficando ou não, o título de domingo ratificou o que muita gente ainda dúvida: sua competência como treinador. "Mais uma vez, peguei o Paysandu em uma condição difícil. Mostrei que tenho valor e condições de trabalhar em um grande clube. Já mostrei meu valor desde o Ananindeua e no Remo. Essa foi minha segunda passagem no Paysandu e, nas duas, eu acho que fui bem."
Segundo o diretor de futebol Antônio Cláudio, o "Louro", a chance de Guerreiro permanecer na Curuzu é de 99%, então o planejamento para a Terceirona continua no mesmo andamento de antes. O ainda técnico bicolor deixou claro de que reforços são necessários. "Toda competição nacional é difícil. O Paysandu vai para o quarto ano na Série C e, apesar do elenco ser bom, é preciso mais alguns reforços. Precisamos de laterais, zagueiros, meias de ligação e atacantes. O clube precisa subir de vez para a Série B."
Entre os jogadores, a notícia da possibilidade da saída do comandante foi uma surpresa. "Essa possibilidade foi um choque para todos nós. Espero que tudo seja resolvido. Se tem alguém torcendo contra ele, não é dentro do elenco", disse o volante Tácio, referindo-se às queixas de Guerreiro de que pessoas de dentro da Curuzu torcem contra o Papão.
Tácio reconheceu que se o título tivesse ido a Marabá não seria uma injustiça. "Ainda bem que ficou com o Paysandu, mas o Águia também teve merecimentos. É uma grande equipe, com um grande treinador", comenta. O jogador lembrou-se de um lance em especial que o deixou preocupado. No final do primeiro tempo, Thiago Marabá mandou uma bola na trave e só não aproveitou o rebote porque se desequilibrou. Segundo o jogador, foi ali que ficou mais preocupado. "Naquele lance do Thiago, da bola na trave, fiquei preocupado. Descemos para o intervalo com o 1 a 1 e lembrei muito do lance parecido que houve em Marabá."
Fonte: Amazônia Jornal
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