Cada vez mais me convenço que a decisão da diretoria em abrir o jogo para a Imprensa sobre a suposta reclamação do jogador sobre os valores da premiação, antes da partida com o Salgueiro, jogou pra cima dele todas as atenções e responsabilidade pela pífia atuação do time na eliminação e acabou desviando o foco da tragédia. É preciso deixar claro: aqui, não cabe qualquer tentativa de julgamento sobre esse fato. Se Sandro cobrou indevidamente, se foi justo ou não, se fez as pupilas dos companheiros de time ganharem cifrões em vez da imagem do troféu da série C, isso tudo fica em segundo plano quando se comprova a utilidade do jogador para o time bicolor. Na mesma semana na qual Sandro levou o Paysandu ao banco dos réus, cobrando uma dívida trabalhista, ele entrou no time para fazer o gol da virada em cima do Independente.
O dramaturgo e insuperável na arte de traduzir a alma do jogador brasileiro, Nelson Rodrigues, diria que o volante com joanete de craque, que transforma passes de trivela em pintura, foi tomado pela ira dos obstinados. Desde a fatídica eliminação e o bafafá criado em torno da possível cobrança por valores maiores na premiação, caso o Paysandu prosseguisse no brasileiro, Sandro não falou uma só palavra sobre o assunto. A mordaça foi tirada no exato momento em que ele entrou no gramado de Tucurui e Sandro respondeu à altura das acusações, levianas ou não, com a língua dos jogadores diferenciados. Depois do gol, a catarse obrigatória do beijo no escudo e a emoção que derrotou o jogador, no final do jogo.
Sandro marcou seu 42º gol em quase 300 jogos com a camisa do Paysandu. Como está no seu último ano de carreira, o volante deve correr atrás do 50º gol em plena série C. Com 37 anos, não tem a mesma mobilidade que o permitia correr por todos os espaços do campo, mas suas técnica refinada e visão de jogo continuam sendo 2 dos 50 motivos que nos fazem acreditar que ele continua o mesmo jogador que faz a diferença. Aquele que subverteu as características do volante no futebol paraense. Aquele que transformou o “ bate uma de 3 dedos aí...” do universo boleiro em futebol de alto nível. E no final das contas, é isso que nos basta.
Syanne Neno
4 comentários:
Syanne Neno... Sempre nos fazendo enxergar além do óbvio ululante. E como o futebol paraense, tão cego, precisa ver pelos olhos dessa menina.
Parabéns.
Andrey Rodrigues
Antes de mais nada, queria parabenizar o SOU PAPÃO pela nova colunista Syanne Neno. Quem me dera que o Paysandu fizesse contratações desse quilate.
Sandro é um daqueles jogadores que dá a impressão de ser Papão desde pequenininho. Como aqueles jogadores de antigamente que jogavam por amor à camisa.
Ele pode tudo e não precisa provar mais nada a ninguem...
Prova disso é que ele não precisa nem de um nome composto como Sandro Goiano.
Aqui ele é o SANDRO e pronto!!!
Parabéns Syanne pela matéria.
@AcaiGrosso
Mantendo a linha dos comentários acima, venho parabenizar o site, parabenizar a colunista, o texto está realmente muito bonito.
Textos assim nos fazem enxergar um pouco mais o futebol, e que bom termos pessoas desse nível no Estado, esperamos ansiosamente sua volta para a Televisao, enquanto isso, obrigado por nos deliciar com seus belos textos.
Raphael Reis
Bela materia Syanne! Da gosto de ler... você prende a gente!!!!
O site esta de parabéns!!
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