Domingo, dia de jogo do meu Paysandu. Também dia de passar com a família. Como já havia almoçado em casa, consegui sair para ver o jogo sem que a esposa ficasse chateada, afinal de contas, ela sabe o amor que dispenso ao meu clube e que é dela também. Talvez por isso, estamos juntos há 35 anos. E lá vou eu cheio de esperança e otimismo ver mais uma vitória de meu Clube.
Entro na arena da contenda por volta das 15 horas e acho estranho, muito estranho, não me sinto a vontade, fico inquieto. Estava faltando alguma coisa. E com o passar do tempo fui percebendo. Faltava a torcida, a alegria, a vibração, o grito de guerra – Papão êô, papão êô. Faltava o barulho e a energia que emana das arquibancadas para dentro do campo, fazendo subir a adrenalina no sangue e no espírito dos gladiadores. Faltava a “alma” do Paysandu.
O time entra em campo sem vibração, ficava patente a ausência de motivação e estima, sem os mascotes e sob os aplauso de apenas 205 torcedores e eu era um deles. Não gostaria de ver, de passar por isso de novo. Juro pra vocês.
Prenúncio de mais um domingo negro, cinzento na Curuzu. O jogo começa e eu não conseguia entender ou não queria aceitar aquele estádio deserto, vazio fazendo-nos ouvir tudo o que os jogadores falavam em campo. Talvez, um grito das cadeiras, fosse ouvido nas arquibancadas abaixo das cabines de rádio e TV. Não, não era um jogo de verdade, não poderia ser, talvez um treino, um coletivo de preparação para um jogo oficial.
De repente acordei, voltei a mim. Que nada! Era um jogo sim. Era um jogo de verdade, apesar de que a torcida presente em um coletivo, superava aquela que pagou para ver, assistir, ou melhor, testemunhar aquele jogo.
O time desfigurado, sem nove titulares e com apenas um jogador “importado”, Alexandre Carioca. O que esperar? As “estrelas” estavam todas de fora. Sei lá! Senta-te, vamos ver o jogo e seja o que DEUS quiser... E ELE quis. Quis que a Comissão Técnica, a Diretoria e nós torcedores, víssemos que temos valores dentro de nossa casa. Que precisamos valorizar e trabalhar o patrimônio que temos e que não conseguimos enxergar. “Chega das coisas da terra, que o que é bom vem lá de fora”, já dizia a música da banda Mosaico de Ravena. Chega! Precisamos dar um basta nessas importações de “valores” que só vem aqui para encerrarem suas carreiras e levarem o que deveria ser investido aqui na nossa base, no nosso ativo.
Mas seria preciso que houvesse impedimento desses elementos para que o técnico fizesse uso do que lhe resta. Impressionante como recebemos esses avisos de vez em quando. Muitas das vezes, por linhas tortas. Quando será que vamos aprender essa lição? Tirar nota 10 nessa matéria (já falamos sobre isso). Ou será que Cláudio Allax, Thiago, Diogo Ourém, Helinton, Djalma, vão voltar novamente para o anonimato? Para a Toca do Lobo e ali ficarem até que tenham seus prazos de validades vencidos. Esperamos todos nós que esses garotos continuem a ter vez no time titular, pois só assim serão vistos e valorizados. Precisamos expor nossos produtos e colhermos os frutos que essa atitude nos proporcionará. Precisamos sair do discurso para à prática. Precisamos cumprir com as promessas de campanha. Sem esquecer que eles precisam de acompanhamento psicológico, por estarem em ascensão e essa mudança para eles é cheia de conflitos internos, muita das vezes os levam para outros caminhos. Por isso todo o cuidado é pouco.
O técnico vem sendo elogiado pela diretoria por dar chances aos garotos da base. Será que se tivesse alternativas outras, usaria os garotos? Com certeza não, pois alem do Bryan e do Billy, não lembro ter visto esses garotos em outras oportunidades, alem de treinos.
Os garotos foram os donos do espetáculo apresentado para 205 testemunhas, foram os donos da bola, não tremeram, jogaram com honra e raça, como há muito não se via, fazendo um São Raimundo que vinha sendo o terror do segundo turno entrar na roda e levar um baile de bola da meninada, ganhando fácil de 3 x 1 . Isso sim, me deixou muito feliz!!!
Esse foi o ponto alto da tarde de domingo que troquei pela família, ou melhor, não houve troca, o Paysandu faz parte de minha família.
Mas, lamentavelmente, não conseguia me conformar em ver o velho caldeirão vazio, sem barulho, sem vibração, sem a fumaça dos churrasquinhos, sem gritos, sem festa, sem vida. Isso sim, me deixou muito triste!!!
O QUE ME FEZ RIR ME FEZ CHORAR!!!
Ubirajara Lima
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