
O dia histórico
Para muitos o Paysandu deveria, apenas, se preocupar em perder de pouco. Mas esse não era o mesmo pensamento dos jogadores bicolores. Apesar da ansiedade em jogar em La Bombonera, o grupo do Papão sabia que tinha condições de surpreender, como explica o atual técnico do Paysandu, Lecheva, que fez parte daquele time. - Nada o que aconteceu naquele jogo foi novidade para nós, jogadores. Nosso grupo tinha muita humildade, mostrava confiança em tudo o que fazia.
Não tínhamos jogadores de Seleção Brasileira, mas eram atletas de Série A. Por ser a primeira vez do Paysandu na Libertadores, achavam que o time ia ser um saco de pancadas. No jogo contra o Boca a gente tinha ansiedade pela tradição e pela força do La Bombonera. Mas tudo deu certo pra gente. No início o jogo foi igual. O Paysandu conseguia passar pela pressão do Boca e das 40 mil pessoas que, ensurdecidas, apoiavam os donos da casa. Robson, o Robgol, discutiu com Rodriguéz e os dois foram expulsos de campo.
Já no segundo tempo o panorama era um pouco diferente. O Papão se fechou no campo de defesa, mas a posse de bola argentina não tinha objetividade. Empolgados, os torcedores ainda viram Vanderson ser expulso de campo aos 10 minutos. Os visitantes tinham que passar pelo Boca Juniors com dois jogadores a menos... Missão impossível? - Nosso time estava jogando bem. A cada lance vencido, a cada bola que a gente evitava chegar ao gol, a nossa confiança aumentava. Eu só me arrependo muito daquela expulsão. Se pudesse voltar atrás não fazia aquilo novamente, mas graças a Deus deu tudo certo no final – lembra Vanderson que, assim como Lecheva e o goleiro Ronaldo, estão atualmente no grupo do Paysandu.
O gol
E a vitória, inimaginável até então, aconteceu. Concentrado, o Paysandu aproveitou o primeiro contra-ataque no segundo tempo para definir a partida. O lance ainda está presente nitidamente na cabeça de muito torcedor paraense. Sandro carregou pelo meio e tocou para Iarley, na área, pela esquerda. O atacante cortou, tirando dois zagueiros da jogada, e bateu rasteiro no canto direito. Silêncio em La Bombonera. Abbondanzieri olhava, atônito, a bola no fundo do gol.
O Paysandu dançava o tango em solo argentino, vencendo por 1 a 0. - Aquela foi a nossa noite. Mesmo com dois jogadores a menos conseguimos entrar para a história. Após o gol todos nós ficamos tranquilos, porque a pressão era grande. Com aquele gol a gente sabia que iriamos sair de campo com a vitória. Era só esperar o apito final. Foi um momento histórico e inesquecível para todos nós que fizemos parte daquele grupo -, disse Ronaldo.
Globo Esporte
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