O desentendimento de Dunga com a imprensa torna evidente que a relação entre jornalistas e profissionais da bola nem sempre é um mar de rosas. Em âmbito regional, não raro a coisa também pega fogo e azeda. No Paysandu, o presidente Luiz Omar Pinheiro já perdeu as contas de quantas vezes saiu atirando contra a mídia e defende o comandante da Seleção Brasileira na polêmica, enquanto o atacante Bruno Rangel diz ter engolido calado muitas críticas em nome da boa convivência.
Para Luiz Omar, os perrengues de Dunga são bastante semelhantes com os que se envolve com a imprensa local. “É muito parecido com o meu atrito aqui, porque jornalista tem mania de se meter na administração do clube e quer se meter na escalação da Seleção. Aí o cara fica aborrecido, não é isso? Então eu me aborreço quando querem se meter na minha administração, assim como ele, quando dizem que ele convocou o time errado. Se ele é treinador, ele vai arcar com os bônus e com os ônus”, considera.
Mais contido, Bruno Rangel admite que a parceira imprensa-futebol é complicada. “Muitas vezes nós não gostamos de algumas coisas que são publicadas. Alguns repórteres colocam coisas que você vai ler e fica chateado”, ressente-se.
O atacante relembra um episódio para ilustrar a contrariedade. “Uma vez eu estava brigando pela titularidade com o Luciano Dias e, na época, eu li uma matéria que dizia – por incrível que pareça o Bruno Rangel pode ser a primeira opção – eu fiquei chateado com esse ‘por incrível que pareça’, mas a gente tem que deixar isso de lado e jogar futebol”, analisa.
Do outro lado da moeda, o cronista esportivo Rui Guimarães, que já foi alvo da ira do presidente do Paysandu, faz uma análise do que acontece nessa delicada relação. “Sou radical quanto a isso, o que ocorre é que alguns colegas não divulgam as notícias ruins, enquanto muitos dirigentes não sabem separar o joio do trigo”, reflete.
Sobre os atritos com o cartola bicolor, Guimarães explica. “Com o Luiz Omar eu fiz uma crítica, pois no ano passado ele contratou 26 jogadores e dispensou 21, aí ele disse que eu tinha que me aposentar, mas não levei isso adiante. Não o acho desonesto, só que ele não tem tempo para administrar o Paysandu. Já o caso do Dunga é diferente, acredito que ele usa a mídia como fator de motivação para os jogadores, dizendo para eles que a imprensa está contra para motivá-los”, observa.
Diário do Pará
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