
As assinaturas acima são de seis esportistas, integrantes de uma equipe que, há exatos 65 anos, em 22/07/1945, escreveu uma página histórica e até hoje não superada, no futebol paraense.
São eles, de cima para baixo, Guimarães, Arleto, Manoel Pedro, Soia (Manoel Cardoso), Palmério e Mariano. Integravam o time do Paysandu que venceu seu mais tradicional adversário, o Remo, por 7x0, em pleno estádio de Antonio Baena.
“Quem apreciou a peleja de ontem, desde os seus primeiros minutos há de ter notado o fracasso absoluto, total, decepcionante, que constituiu a esquadra do Remo no segundo período, após ter realizado um promissor primeiro tempo, dando sérios trabalhos à defesa do Paysandu para com a ausência de um só elemento, entregar-se, de maneira envergonhante, humilhando-se frente ao seu adversário de todos os tempos, o Paysandu”, analisou no dia seguinte (23/07) o vespertino A Vanguarda (pertencia ao jornal matutino A Província do Pará, que não circulava as segundas).
O colega jornalista da época viu o presente e previu o futuro...
Para o jornal O Estado do Pará de 24/07 “O Paysandu continua a liderar a eficiência futebolística regional. Firmou-se de tal maneira como a melhor equipe destes últimos anos que a fé que o acompanha é como uma bandeira sagrada que envolve todas as aspirações de qualquer falange idealista.”
Outro jornalista com a capacidade de ver no presente o futuro...
A cobertura deste jogo, que valia pelo campeonato paraense de 1945, foi grande e detalhada. A Folha Vespertina (da Folha do Norte, matutino que também não circulava as segundas) descreveu cada gol.
Um único incidente marcou a partida, dirigida pelo árbitro Alberto da Gama Malcher: uma briga entre Arleto (Paysandu) e Vicente (Remo), sendo ambos expulsos... e presos, como era o costume daquele tempo: Vicente, soldado, levado ao quartel, Arleto, civil, recolhido ao posto de São Braz, da Polícia Civil – mas ambos logo liberados.
Todo esse tesouro de informações está preservado no livro “A História dos 7x0”, do jornalista e pesquisador da história do futebol, Ferreira da Costa:

Entre outras tantas revelações, como o depoimento de muita gente envolvida no evento, tem uma curiosidade especial: foi lançado no dia 7/7/77. Você pode ver a data, lá em cima, logo abaixo da assinatura do Guimarães (José da Costa Homem Guimarães que conheci, muitos anos depois, como delegado do Banco Central em Belém, nos 1970). Neste jogo o goleiro, Palmério, teve forte influência no placar, já que segurou o primeiro tempo, quando o Remo bem atacou, conforme os relatos jornalísticos. Até parece uma certa seleção... Palmério (Vasconcelos) a quem conheci já aposentado (moramos no mesmo bairro), vem a ser pai de nosso colega jornalista Palmério Dória, autor de livros de sucesso nacional.
Segundo O Liberal de hoje (Esporte, pág. 3), apenas o jogador Jeju (do Remo) está vivo. Em 1977 eram bem mais: foi nessa data que o queridíssimo e sempre lembrado João Adário coletou os autógrafos que abrem este post. Adário, com quem convivi em minha rápida passagem pelo Lions Clube, e em muitos encontros, foi radialista, na Marajoara, salvo engano, e foi, talvez, o melhor contador de piadas que eu já conheci. Sabia todas, para todas as ocasiões...
A data é comemorada pelos bicolores até hoje. Ainda no alvorecer deste 22/7/2010, chorinhos eram tocados na Cultura FM, em homenagem à data...
O time vencedor naquela tarde em Antonio Baena (dizem que é por causa desse jogo histórico que querem que o governo realize o tombamento do estádio...) contou com Palmério; Izan e Athenágoras; Mariano, Manoel Pedro e Nascimento; Arleto, Hélio, Guimarães, Farias e Soiá. O Remo perdeu com Tico-Tico; Jesus e Expedito, Mariosinho, Rubens e Vicente; Monard, Jeju, Jango, Capi e Boro.
Abaixo, foto da esquadra alviceleste com alguns dos participantes do 7x0: de pé, Athenágoras, Simeão, Bria, Pedro Capivara, Manoel Pedro e Nascimento; agachados, Valentim, Farias, Hélio, Guimarãese Soiá.

Fonte: pelasruasdebelem.zip.net
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