Gestão compartihada: a receita do sucesso

Raul Salles: um dos responsáveis pelo título de 91 (Foto: Mário Quadros)

Vinte anos depois daquela conquista histórica do Paysandu, Rui Salles, um dos responsáveis pelo título inédito de Campeão Brasileiro da Série B, continua firme e forte dentro do clube.

Com a preocupação de ressaltar que na época era vice-presidente e não presidente, como muitos pensam, Rui explica que o então gestor era Asdrúbal Bentes, que, no entanto, lhe delegava a função de ficar a frente do clube, quando o cartola não podia.
“O Asdrúbal tinha compromissos e eu era um vice-presidente atuante. O Paysandu é cheio de títulos e resolvemos resgatar esse 20 anos que vencemos o Guarani no Mangueirão, indo para a Série A”, explicou, sobre a festa promovida pelo GAP – Grupo de Apoio ao Paysandu, na última quinta-feira, na Sede Social da Avenida Nazaré.
Rui não se furtou de comentar o momento atual do alviceleste, que vai ao quinto ano consecutivo na tentativa de ascender à Série B. “Isso se deve a uma série de fatores. Má gestão. Talvez nem seja por culpa da diretoria. Pegou herança passada, clube endividado. Mas quando é assim, a gente sabe que o clube está endividado, a gente não assume, passa a bola para outro. Quando a gente senta numa cadeira, não pode mais botar a culpa no passado. O Paysandu ainda não conseguiu se recuperar, mas isso tem que ser jogado para trás. Se continuar a botar toda hora a culpa no passado, dos insucessos, nunca vamos chegar lá, no patamar do Paysandu mesmo”, ressalta.
Com o ‘know how’ de quem conseguiu ascender o time para a primeira divisão, Rui Salles atendeu ao pedido do Bola e deu conselhos para a atual gestão também conseguir o feito. “Que copiassem o que o Asdrúbal, fez. Ele era superintendente do Incra, também tinha seus compromissos fora de Belém. Mas eu fazia com ele uma administração compartilhada. Ele sabia que podia viajar e eu sabia que tudo o que eu decidisse ele aprovava”, relembra, para chegar a uma conclusão.
“Ninguém faz nada sozinho. Tem que ter humildade. Eu pelo Paysandu, já me ajoelhei aos pés do presidente da confederação para conseguir as coisas. Em nome do clube você tem que abrir mão do orgulho e da vaidade”, recomenda. 

Diário do Pará