O meia Juliano, de 30 anos, não é melhor nem pior que a maioria de seus companheiros de Paysandu, mas dentro do elenco ele é o único dentro de suas características. Enquanto o trio que hoje disputa as duas vagas de armação tem como características praticamente as mesmas, com velocidade, dribles e a proximidade constante com o ataque, Juliano é o meia clássico, que vem de trás e cadencia as jogadas.
Antes da viagem a Lucas do Rio Verde (MT), Fernandes deixou claro que espera pela recuperação do jogador para testá-lo nos treinos como ainda não fez na Curuzu. 'Quanto à escalação, estou perto do que quero. O único parêntese que deixo em aberto é em relação ao Juliano. É um meia organizador, com características diferentes dos demais. Ele vinha treinando muito bem antes de se lesionar. Tenho que aguardar ele voltar a treinar com bola para ver como se sai', confirmou o técnico.
A história de Juliano, por enquanto, não é das melhores. Começou de forma traumática para o jogador. Os exames de praxe feitos com quem chega no caso dele apontaram uma alteração cardíaca. Não era ainda nada de mais grave, apenas um indício de que poderia haver algum problema e eram necessários mais testes. Foi o suficiente para que ele passasse pelo drama do temor de ter que abandonar a carreira. Quase dez dias de espera até que o terceiro exame mostrasse que tudo não passou de um susto e pudesse começar a treinar. Aí veio a contusão.
No final de semana que antecedeu à vitória sobre com o Águia, Juliano sofreu uma contratura na coxa esquerda. A lesão, de grau dois, o deixou impossibilitado de fazer qualquer atividade física por mais alguns dias. Somente no começo da semana que passou ele voltou a treinar, ainda sem bola, o que só deve começar na reapresentação do elenco.
Na sexta-feira o ex-jogador de Caxias-RS, Avaí-SC, Náutico-PE e ABC-RN, entre outros, concedeu a entrevista a seguir e falou sobre o susto que sofreu, o retorno tortuoso e o que espera de sua passagem no Paysandu.
O Roberto Fernandes comentou que já tem a base do time definida, mas que espera pela tua recuperação por ser um meia de característica diferentes dos que estão jogando. Essa confiança por parte do treinador é algo que dá mais traquilidade, não?
Claro que sim. É bom trabalhar com pessoas que já te conhecem. Tive a oportunidade de trabalhar com o Roberto em dois clubes e sei da filosofia dele, enquanto ele conhece minhas características, bem diferentes das do Luciano, Potiguar e Robinho, que são ofensivos, rápidos e que vão para cima, enquanto sou um jogador que gosta de vir de trás, com a bola dominada. São funções diferentes e ele sabe o quanto eu posso render. Então, esse conhecimento é válido e fico muito satisfeito em ter esse apoio e essa confiança. Eu acho que é muito importante. Infelizmente tive o azar de sofrer uma lesão na véspera de um jogo, mas estou recuperado e buscando estar à disposição para a próxima rodada.
Tu te lesionaste quando estava prestes a ser relacionado. Para a próxima rodada (dia 20, contra o Águia, em Marabá) já terás condições de ser relacionado?
Venho trabalhando forte desde o começo da semana. A meta é a forma física. Espero estar integrado ao elenco quando ele voltar de Lucas do Rio Verde (MT). Tenho que aproveitar esses dias de trabalho e me dedicar ao máximo para quando chegar os treinos com bola poder me destacar. Sei que o ritmo vai fazer falta, por isso terei que me superar.
Tiveste a estreia adiada duas vezes, primeiro com o susto dos exames cardíacos e depois com a lesão. Para a próxima rodada existe a possibilidade de seres relacionado. Como está a ansiedade para isso?
Estou ansioso demais. Depois daquele susto com o exames e da preocupação que tive, estava na minha melhor condições e tive aquela lesão. Todo jogador fica preocupado, porque quer estar em campo e ajudar. Mas tenho certeza que minha hora vai chegar. No momento certo vou entrar em campo e poder jogar bem.
Tu tens características bem diferentes dos demais meias. Como se encaixar nesse time?
Tudo depende do esquema, da forma que o time joga e do adversário. Jogar fora ou dentro de casa também influencia nessa decisão. Temos um treinador muito inteligente para tomar essas decisões. Acho que é interessante ter uma peça para organizar o jogo. O mais importante é que o elenco tem essas opções de qualidade, em todos os setores. Ter peças de reposição à altura é que faz um time competitivo e o Paysandu se encaixa nessa definição.
Deves estar à disposição quando o time estiver engrenando. Como fazer para se entrar bem nele já que estarás sem o mesmo ritmo dos demais?
Perdi toda a pré-temporada quando cheguei e tive que parar de novo justamente quando estava bem. Isso tudo atrapalha. Tenho pouco tempo, por isso tenho que aproveitá-lo ao máximo. O time está numa crescente e eu não. Só dedicação nos treinos pode me beneficiar. O time está evoluindo muito bem e tenho certeza que vamos chegar muito fortes na reta final.
Os jogos têm sido todos muito complicados. O último foi um teste para cardíaco. Para ti, que sofreu aquele susto, foi uma prova de que o coração está em dia. Acreditas que essas dificuldades serão constantes?
Não tem mais essa de time grande e pequeno, ainda mais na Série C. Todo mundo corre demais e nossos adversários têm mostrado qualidade. Contra o Águia tivemos superação para chegar à vitória, algo que o Roberto sempre nos cobra. Esse tem que ser o foco, o de nunca desistir. A competição é forte, mas o Paysandu também é e tem que brigar primeiro pelo acesso, depois o título.
Camisa pode não fazer diferença, mas não achas que os times mais tradicionais acabam virando alvo dos menores para tentar uma vitória que dê mais visibilidade?
Isso é normal. O Fortaleza-CE teve duas derrotas nas duas primeira rodadas, e é um time que investiu alto e está numa situação complicada. Os times quando encaram uma equipe tradicional, como é o Fortaleza e o Paysandu, vêm com tudo. Foi assim com o Rio Branco-AC e com o Águia. Nenhum jogo será fácil. Vencer um time grande dá moral. Nós temos que correr mais que os outros, assim nossa qualidade vai se sobressair.
Amazônia Jornal
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